Com a volta das aulas, voltam também as
dúvidas de pais e professores quanto ao aproveitamento escolar de certos
filhos/alunos.

Recentemente o Conselho Federal de
Psicologia lançou a campanha de combate à medicalização da vida com o seguinte
lema: “Se você acha que seu filho é muito
arteiro, fique calmo! Ele está apenas sendo criança! Não ao uso indiscriminado
de remédios nas escolas.” Essa campanha nos alerta para o fato de que na
maioria dos casos não há nada de errado no cérebro da criança, mas sim que ele
está apenas vivendo sua infância, ou então, que está passando por conflitos de
ordem emocional na dinâmica familiar e que ele precisa extravasar.
O que esperar de uma criança que está
passando por problemas pessoais? É normal ela ficar agressiva ou inibida na
escola, pois talvez seja o único lugar em que ela possa se expressar. Seria
mais adequado deixarmos de lado os diagnósticos de hiperatividade, ansiedade ou
distúrbio de conduta para entendermos os fatores que estão impedindo o aluno de
aprender. Parece que esquecemos que um aluno é gente, e como tal, sofre, tem
medos, fica triste, adoece, sente reações no corpo, possui desejos e sonhos
muitas vezes frustrados e incompatíveis com sua realidade.
Sim, é impossível a escola atender e
entender cada aluno em sua particularidade, já que existem os conteúdos
programáticos a serem cumpridos. Mas será mesmo que aprender significa somente
cumprir com eficiência um cronograma? O que mais temos a oferecer aos nossos
alunos, além de testes, notas e diagnósticos? Adoramos comparar e classificar
os alunos, porque isso nos exime da responsabilidade sobre eles enquanto pais,
professores e profissionais da saúde. O problema fica todo nas costas do aluno,
pois se ele é agressivo, hiperativo ou desobediente não adianta fazer nada, é
uma doença, um mal que ele carrega, e a culpa é somente dele.
É mais fácil rotular os alunos com uns
diagnósticos do que nos perguntarmos em que medida nós os fazemos assim.
Somente se fizermos a pergunta sobre o nosso papel nesse imenso número de
alunos com ‘dificuldade de aprendizagem’ que poderemos, num segundo momento,
convidar o aluno a se responsabilizar pelo conflito que está passando, e
implicá-lo no seu próprio problema, ensinando-o a tomar as rédeas de sua
própria vida e dar um destino diferente para aquilo que fizeram dele.