Recentemente,
em uma conversa com um casal amigo, surgiu a questão do porquê dos casais terem
seu jeito particular de ser, de relacionar, tanto no modo como cada casal busca
prazer como pelo modo como são marcados pelo desprazer, brigas e atribulações.
Estas últimas, situações que aos olhos dos outros deveriam ser motivos de
rompimento, término ou mudança. O que vemos na prática é que isso muitas vezes
não muda, não causa um término e que o próprio casal se comporta de modo que o
conflito se mantenha, mesmo sem terem consciência disso.
Como
pode alguém querer viver assim dessa maneira?
A história de
vida de cada um é permeada por vivências, ensinamentos, problemas e traumas que
antes mesmo de nascermos estão prontos a serem passados de nossos ancestrais
para nós. Nossos familiares nos transmitem uma soma de experiências, e essas se
juntam àquelas situações que nós mesmos vamos presenciando desde a infância.
Assim, formamos nossa personalidade e iniciamos certos padrões de
comportamentos, repetições e imaginações que nem sempre nos trazem prazer.
Os
casais se formam exatamente a partir das fantasias e marcas inconscientes que
cada um possui e que em alguma medida se mostram favorecidas e instigadas pela
fantasia do outro. Aqui cabem as expressões populares “um gambá cheira o outro”
e “cada pé com seu chinelo”. Em um casal, os parceiros são os sintomas um do
outro, são a dor e o prazer um do outro. Cada relacionamento satisfaz pontos
particulares inconscientes de cada um, sejam pontos de sofrimento ou de prazer.
Existem motivos fortes e nem sempre tão claros para isso... e nem sempre tão
fáceis de serem abandonados.
Em
relação às situações de sofrimento, somente quando um dos dois do casal decide
não mais ficar tão entregue a esta carga inconsciente de comportamentos e de
mal estar, que uma mudança pode ocorrer. Ou o(a) parceiro(a) revê também a sua
postura, se retifica e se implica numa mudança ou o término provavelmente estará
próximo.
Somos
sim fruto de um meio, de uma criação, de cargas de nossas gerações passadas,
mas diante disso temos nossas escolhas e decisões sobre o que queremos mudar.
Antes mesmo de nascermos uma história já vinha sendo escrita e o que faremos
com isso que nos foi dado é de responsabilidade de cada um. Cada um decide o
que quer manter e repetir em um relacionamento. Ninguém é vítima de uma
situação que se repete em sua própria vida e que conta com sua própria
participação, por mais que muitos insistam em ocupar esse lugar de vítima.
Todo
ser humano traz em si um traço masoquista e extrai prazer do sofrimento. Faça
sua a responsabilidade por isso que em você se repete.