quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Trabalho e realização pessoal: dinheiro traz felicidade?

Desde os primórdios da evolução da nossa espécie, o ser-humano por necessidade de sobrevivência, desenvolveu a habilidade de fabricar utensílios, ferramentas, artifícios e moradas que o possibilitasse sobreviver, vencer as dificuldades da natureza e perpetuar a espécie. O trabalho existe no nosso DNA e esteve conosco desde nossa tomada de consciência como Homo Sapiens. O pensar e o agir são características fundamentais da nossa espécie, que então é considerada Homo Sapiens e Homo Faber, respectivamente, Humano que Pensa e Humano que Fabrica. O trabalho representa nossa sobrevivência, representa nossa tomada de consciência e atitude para realizarmos coisas que nos possibilitem continuarmos vivos como espécie. Com o passar da evolução e tecnologia, trabalhos de outros humanos acabaram nos deixando mais confortáveis e menos ambiciosos, já que muito já foi feito, realizado, pensado e construído. Atualmente, o ser humano não se sente somente tão obrigado a trabalhar para perpetuar a espécie e sobreviver, mas muito mais para consumir e ter objetos e bens. A lógica do Homo Faber, na contemporaneidade, não é mais a mesma de antes, pois trabalha-se muito mais para ter dinheiro do que para se sentir realizado em uma função profissional. Estão cada dia mais raros os seres humanos que trabalham com o que gostam, possuem paixão e dom. Por que? Porque nossas crianças crescem aprendendo a lutar somente pelo ter e não pelo ser. O ter não é um problema, mas se torna adoecedor quando não está em conjunto com um propósito pessoal de realização subjetiva. Não é a toa que vemos diversos jovens se formando em profissões por conta do salário e não porque possuem aptidão, gosto e satisfação com aquela tal profissão. E nessas horas as expectativas dos pais e da família podem ser esmagadoras, reprimindo nos filhos anseios pessoais que ficam ofuscados em nome da busca pelo salário. Volto a dizer: ter dinheiro não precisa ser um problema e todos nós temos direito de sermos prósperos financeiramente, mas quando a busca cega pelo dinheiro esmaga a subjetividade e os sonhos pessoais, a chance de você ser uma pessoa com dinheiro mas adoecida emocionalmente se torna bastante alta. E o adoecimento emocional necessariamente adoece o corpo. Logo, se você não respeitar seus desejos particulares e seu propósito de satisfação pessoal no trabalho, a chance de você ser uma pessoa rica, porém sem saúde é quase certa.Sendo assim, é importante que cada um identifique sintomas que podem dar sinais de insatisfação com o trabalho, como irritabilidade, humor rebaixado, rompantes agressivos, pressão alta, ansiedade, pensamento acelerado, alto consumo de álcool, drogas ou abuso de alimentos, principalmente frituras e doces (mecanismo de compensação, que pelo sabor e prazer substituem frustrações de outro setor da vida). Quando estivermos insatisfeitos no trabalho, podemos readequar a rotina, mudar logísticas de funcionamento, ou até mesmo rever se realmente estamos trabalhando com o coração ou só com a mente. Ou seja, você trabalha por realização pessoal ou por realização bancária? Vale lembrar que é possível realizar as duas coisas ao mesmo tempo, isto é, trabalhar com o que gosta e ser próspero financeiramente, já que quando estamos no nosso propósito do coração e realizando aquilo que nos dá emoção, o dinheiro fluirá com naturalidade e estaremos cuidando automaticamente da nossa saúde biopsicossocial. A vida só pode ser plenamente vivida quando o consumo está sob nossa gestão e a nosso favor e não quando somos escravos dele. Ou seja, é o dinheiro quem tem que estar para nós e não nós para ele. O dinheiro precisa ser uma ferramenta em que o humano possa usar e não um senhor do qual o ser humano se torna objeto. Dinheiro sim traz felicidade, mas somente se a pessoa é dona do próprio destino. Dinheiro não traz felicidade quando o dinheiro é o único destino da vida da pessoa. A escolha é de cada um, e as consequências também.