quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Redes Sociais: sintoma contemporâneo da recusa da vida real

A recusa do encontro real para restringir a vida ao mundo virtual é um sintoma de nossa contemporaneidade. Estamos cada dia mais virtuais e menos virtuosos. O encontro real com os outros e a convivência com as diferenças dos outros é um desafio cotidiano que exige de nós muita adaptação, paciência e compreensão. Tudo isto é o que nos faz crescer e evoluir, mas é também ao mesmo tempo tudo que o sujeito contemporâneo hipermoderno quer evitar, fugindo para o mundo virtual, onde tudo é lindo, fácil, rápido, na hora que eu quero, e que quando não quero basta eu "deletar", "excluir" ou "bloquear" e escolher logo outro ser humano objeto, da forma como fazemos nas prateleiras de supermercados e lojas. Estamos todos em liquidação e a vida se tornou um grande mercado!
O mundo das redes sociais é um mundo paralelo e totalmente diferente do mundo real. É um mundo fácil, porém esta facilidade cobra um preço, que é a nossa cotidiana incapacidade de lidar com as adversidades e desafios da vida real. Estamos cada dia mais impulsivos, imediatistas e incapazes de elaborar dificuldades, de lidar com perdas e de assimilar as diferenças. Não é por acaso que temos percebido o aumento da intolerância e agressividade, pois se não tenho condições de deletar e bloquear o outro na vida real eu parto para a agressão verbal e física, já que não sei dialogar, conversar e entender que o mundo não vai ser do jeito que acredito virtualmente. Nossos jovens não estão aprendendo a construir o futuro, a planejar para colher resultados, mas sim estão a prendendo a ter satisfações imediatas e rápidas sem precisar persistência e aprendizagem ao longo do caminho. O que isto causa? Ansiedade e comportamentos impulsivos, além de melancolia e isolamento, pois satisfação fácil e rápida não preenche o vazio existencial, apenas ilude, engana e faz crescer o rombo interior no Eu.
Este sintoma contemporâneo de exclusão do contato real tem nos obrigado a reduzir nossa comunicação à escrita de poucas palavras e às imagens, onde a voz, o diálogo coeso e o contato ao vivo ficam em segundo plano. O grande problema é que este contato virtual, mesmo que com diversas pessoas ao mesmo tempo não substitui o real das sensações de um encontro ao vivo. E quanto mais abrimos mão do contato ao vivo, numa fuga do desafio de aceitar o outro bem como evitação dos sentimentos que isto desperta, mais a gente busca satisfações substitutas de formas excessivas e sem controle, como drogas, consumismo, jogos, alimentação e sexualidade. E quanto mais caímos na compulsão excessiva mais fechamo-nos em uma bolha narcísica. Assim, menos estruturados e menos aptos para a VIDA REAL ficamos.
Diante das diferenças no contato com os outros que deparamo-nos com aquilo que, em nós mesmos, precisamos mudar, evoluir e tratar. O fechamento narcísico virtual só nos adoece e mortifica. O contato com os outros é um espelho que me mostra projetivamente aquilo que não suporto em mim mesmo, experiência importante com a qual posso escolher me fazer uma pessoa mais madura e crescer como ser-humano. Mas quem é que quer crescer né? 

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Freud, Inteligência Emocional e Comunicação Não-violenta

      Um dos grandes desafios de nossa contemporaneidade é a comunicação não violenta, já que a agressividade tem se mostrado cada dia mais explícita, desmedida e presente em nosso cotidiano.
         O ser humano comporta-se muitas vezes escolhendo o caminho mais fácil e reage a determinada situação com posturas agressivas, violentas e sem limites civilizatórios. Este tipo de reação imediatista faz parte da estrutura humana, e se cada pessoa não se dedicar ao esforço interno, a tendência é ficarmos neste automático da reação violenta, seja em atos, seja em palavras, gestos e comportamentos. Aliás, um grande sintoma do adoecimento social de nossa época é exatamente este automatismo impulsivo que temos adotado ao invés do diálogo, da comunicação e do uso da linguagem. Preferimos funcionar pela via do caminho mais fácil da resposta agressiva automática do que parar, pensar, elaborar, construir e apresentar uma reação diferente, civilizada e, portanto, mais voltada para o bem da sociedade. O caminho mais fácil nem sempre é o melhor. O caminho mais difícil e que exige mais esforço é, nestes casos, um grande investimento com retorno positivo garantido.
Freud, em 1930, no texto “O mal-estar na Civilização” apresenta uma de suas teses quando fala do conflito e sofrimento que surge da incompatibilidade entre os anseios particulares de cada pessoa e o meio social, ou seja, o conflito entre o que quero fazer e o que posso fazer dentro do que é permitido, pois a vida civilizada exige-nos renunciar às nossas pulsões mais íntimas em prol da vida em comunidade. Freud fala que um os grandes sofrimentos do humano é ter que constantemente abrir mão de algumas vontades, como por exemplo, sexuais e agressivas, em prol da convivência pacífica com os outros e com a lei. A inteligência emocional, ou se preferirem em outras palavras, a pessoa com a mente mais organizada e saudável sofre menos diante dos desafios da vida civilizada e diante das renúncias que precisa acatar, pois consegue, mesmo frustrado em alguma medida, que isto não o faça reagir pela via da impulsividade e nem mesmo pela via do ato desmedido, desequilibrado e contra as normas sociais. O inteligente emocionalmente sabe que cada desafio na vida civilizada é uma chance para amadurecer, viver melhor e mais estruturado.
Uma pessoa se mostra psiquicamente bem estruturada, quando recebe e sofre um estímulo de agressão, desrespeito, injúria, mas mesmo assim constrói outras saídas para o problema, que a impedem inclusive de entrar no jogo da comunicação violenta e sofrer junto com o agressor. Quanto mais reagimos no nível da agressão, mais nos prendemos ao ciclo violento e sofremos junto àquele que nos agrediu. Para livrarmo-nos de situações agressivas, a primeira medida é sair do ciclo violento ao qual o agressor lhe convidou a entrar, a permanecer e sofrer com ele. A saída do núcleo estressor não é nem a reação, nem a vingança, mas a construção de outra possibilidade, que pode ser muitas vezes o posicionamento não violento, a comunicação não violenta ou outras maneiras de quebrar o impulso que chegou até você. Quando recebemos um impulso violento devemos quebrar e romper este ciclo adoecedor com uma simples postura de comunicação não violenta. O contrário a isto, ou seja, reagir na mesma linha, deixa sobre nós, consequências negativas e aumento do problema. E quem sofre ainda mais são as pessoas que ficam aí alimentando a cena, que se não for esvaziada, rende mais sofrimento e desprazer.
Fiquem atentos pois, nós seres humanos, adoramos sofrer e estamos sempre por aí convidando uns aos outros para entrarmos numa situação de violência, agressão, desrespeito e assim ficarmos todos abraçados afundando neste mar de masoquismo, ao invés de seguirmos rumo à evolução e ao bem estar.


quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Trabalho e realização pessoal: dinheiro traz felicidade?

Desde os primórdios da evolução da nossa espécie, o ser-humano por necessidade de sobrevivência, desenvolveu a habilidade de fabricar utensílios, ferramentas, artifícios e moradas que o possibilitasse sobreviver, vencer as dificuldades da natureza e perpetuar a espécie. O trabalho existe no nosso DNA e esteve conosco desde nossa tomada de consciência como Homo Sapiens. O pensar e o agir são características fundamentais da nossa espécie, que então é considerada Homo Sapiens e Homo Faber, respectivamente, Humano que Pensa e Humano que Fabrica. O trabalho representa nossa sobrevivência, representa nossa tomada de consciência e atitude para realizarmos coisas que nos possibilitem continuarmos vivos como espécie. Com o passar da evolução e tecnologia, trabalhos de outros humanos acabaram nos deixando mais confortáveis e menos ambiciosos, já que muito já foi feito, realizado, pensado e construído. Atualmente, o ser humano não se sente somente tão obrigado a trabalhar para perpetuar a espécie e sobreviver, mas muito mais para consumir e ter objetos e bens. A lógica do Homo Faber, na contemporaneidade, não é mais a mesma de antes, pois trabalha-se muito mais para ter dinheiro do que para se sentir realizado em uma função profissional. Estão cada dia mais raros os seres humanos que trabalham com o que gostam, possuem paixão e dom. Por que? Porque nossas crianças crescem aprendendo a lutar somente pelo ter e não pelo ser. O ter não é um problema, mas se torna adoecedor quando não está em conjunto com um propósito pessoal de realização subjetiva. Não é a toa que vemos diversos jovens se formando em profissões por conta do salário e não porque possuem aptidão, gosto e satisfação com aquela tal profissão. E nessas horas as expectativas dos pais e da família podem ser esmagadoras, reprimindo nos filhos anseios pessoais que ficam ofuscados em nome da busca pelo salário. Volto a dizer: ter dinheiro não precisa ser um problema e todos nós temos direito de sermos prósperos financeiramente, mas quando a busca cega pelo dinheiro esmaga a subjetividade e os sonhos pessoais, a chance de você ser uma pessoa com dinheiro mas adoecida emocionalmente se torna bastante alta. E o adoecimento emocional necessariamente adoece o corpo. Logo, se você não respeitar seus desejos particulares e seu propósito de satisfação pessoal no trabalho, a chance de você ser uma pessoa rica, porém sem saúde é quase certa.Sendo assim, é importante que cada um identifique sintomas que podem dar sinais de insatisfação com o trabalho, como irritabilidade, humor rebaixado, rompantes agressivos, pressão alta, ansiedade, pensamento acelerado, alto consumo de álcool, drogas ou abuso de alimentos, principalmente frituras e doces (mecanismo de compensação, que pelo sabor e prazer substituem frustrações de outro setor da vida). Quando estivermos insatisfeitos no trabalho, podemos readequar a rotina, mudar logísticas de funcionamento, ou até mesmo rever se realmente estamos trabalhando com o coração ou só com a mente. Ou seja, você trabalha por realização pessoal ou por realização bancária? Vale lembrar que é possível realizar as duas coisas ao mesmo tempo, isto é, trabalhar com o que gosta e ser próspero financeiramente, já que quando estamos no nosso propósito do coração e realizando aquilo que nos dá emoção, o dinheiro fluirá com naturalidade e estaremos cuidando automaticamente da nossa saúde biopsicossocial. A vida só pode ser plenamente vivida quando o consumo está sob nossa gestão e a nosso favor e não quando somos escravos dele. Ou seja, é o dinheiro quem tem que estar para nós e não nós para ele. O dinheiro precisa ser uma ferramenta em que o humano possa usar e não um senhor do qual o ser humano se torna objeto. Dinheiro sim traz felicidade, mas somente se a pessoa é dona do próprio destino. Dinheiro não traz felicidade quando o dinheiro é o único destino da vida da pessoa. A escolha é de cada um, e as consequências também.

terça-feira, 2 de maio de 2017

A subjetividade é terreno inviolável: reflexão em tempos de intolerância política

Recentemente fui perguntado sobre o que a Psicanálise teria a dizer quanto a um episódio de repúdio por parte de um adulto frente à posição política momentânea de um adolescente. Posição política esta do adolescente, incompatível com a posição subjetiva deste adulto.
O que a Psicanálise pode dizer e esclarecer é que uma posição política ou uma escolha ideológica é uma das formas de expressão da subjetividade, principalmente de um adolescente, em transição, em plena metamorfose pessoal e em formação de presença singular no mundo. Ou seja, estamos no campo da esfera íntima e particular. Estamos no campo da liberdade de o sujeito decidir ser quem quiser, da forma como quiser e compartilhar dos pensamentos que no momento lhe fizerem ter uma identidade. Se esta postura transcender a ordem pública ou invadir o direito alheio, então temos os aparelhos de poder do Estado para mediarem, conterem e se for o caso, até mesmo punirem.
Interpelar a subjetividade de um ser humano sem o direito formal instituído para tal dever social é invadir um terreno sensível, e no caso de um adolescente em plena formação de personalidade é invadir um terreno frágil. Os efeitos de tal desrespeito podem ser graves, a depender do nível de estruturação ao qual o adolescente já esteja desenvolvido e do nível de suporte familiar que possui.
            Nunca devemos nos esquecer que a adolescência é tempo de turbulência, metamorfoses e mudanças. Uma postura política, ideológica ou pensamento de um adolescente pode logo a frente mudar-se, visto que o sujeito adolescente está em plena experimentação, em plena construção, e qualquer intervenção irresponsável frente a este sujeito pode lhe trazer prejuízos psíquicos importantes.
            Atualmente, temos atravessados tempos difíceis de intolerância e narcisismo, onde as pessoas acreditam serem melhores ou terem posturas mais maduras do que outras e devido a isto se sentem no direito de atacar, julgar e punir. O cenário político brasileiro e mundial têm dado mostras deste narcisismo egoísta que agride tudo e todos que não lhe parecem iguais. A diferença virou motivo de agressão! Cito Caetano Veloso na música ‘Sampa’ “é que narciso acha feio o que não é espelho”.

Cada um precisa cuidar de si, pois o julgamento nada mais é do que a imperfeição própria sendo projetada especularmente no próximo. Quanto mais eu julgo mais eu dou a prova de que eu estou mal resolvido comigo mesmo. A projeção é um mecanismo psíquico em que coloco no outro uma agressividade que eu mesmo tenho contra minha própria pessoa. Porém, os outros não têm nada a ver com isso e não precisam pagar um preço pela minha imaturidade e falta de inteligência emocional. A perfeição não está comigo, nem com você, nem com adulto, nem mesmo com o adolescente. Já diziam as pessoas mais espiritualizadas: A perfeição não é deste mundo!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Inteligência Emocional: estar bem consigo mesmo

Seguem aqui as respostas que produzi frente às perguntas do Sr. Samuel Tadeu, Editor-chefe do Jornal Observador de Pedro Leopoldo-MG, a respeito do tema "Sentir-se bem consigo mesmo", algo que eu mesmo entendi como relacionado ao campo da "Inteligência Emocional".

1- O que significa estar bem consigo mesmo?
Principalmente ter desenvolvido a inteligência emocional suficiente para ser autorresponsável por todo o destino de sua vida e por tudo que lhe ocorre, juntamente com o sentimento de gratidão por tudo que enfrentou, conquistou e desenvolveu, ou seja, grato consigo mesmo pela luta pessoal do cotidiano, pelas conquistas, pelas vitórias, pelas derrotas e erros com os quais pode aprender e evoluir. Além disso, para a pessoa se sentir bem consigo mesma uma das condições primordiais é a de não se sentir vitimada, pois a posição vitimada produz rancor, desgosto e baixa autoestima. O vitimado nunca estará bem consigo mesmo, já que estar numa condição de vítima é dizer para si mesmo e para o mundo que ela não é boa o suficiente e não merece se sentir capaz. A vítima é a personificação da derrota; e se a pessoa se sente derrotada como poderá ficar bem? Impossível.

2- O que leva a pessoa a não estar bem com ela mesma?
Sensação de não merecimento, culpa, ingratidão e baixa autoestima. Tudo isto somado à posição vitimada é o que leva uma pessoa a fechar as portas da possibilidade de se sentir bem consigo mesma. A pessoa que não se respeita, não se trata bem, não se perdoa, não se ama, e sente que não merece viver bem, automaticamente sem pensar e sem ter consciência disso irá tomar decisões e atitudes que o levarão ao pior. Portanto, inconscientemente a pessoa que não se sente bem consigo mesma busca se punir, se adoecer e se fazer mal, numa espécie de masoquismo velado e bem disfarçado em uma posição de vítima dos outros e do mundo.

(Perguntas 3, 4 e 5 juntas em uma só resposta)
3- Qual a importância de ter ao nosso lado a presença de outras pessoas? 4- Por que a presença do outro às vezes nos incomoda tanto? 5- Seria este o motivo relacionado ao isolamento de muitas pessoas?
O ser-humano é ao mesmo tempo um ser social e avesso ao seu semelhante. Carregamos internamente esta divisão e conflito de ao mesmo tempo que queremos contato, nós temos uma aversão ao que os outros causam e despertam. A presença do outro em nossas vidas é a fonte de onde mais recebemos feedback e retorno de como somos, como estamos e o que sentimos. Somente no convívio com o outro que eu me torno um sujeito melhor comigo mesmo e evoluo. Porém é importante ressaltar que não são os outros que me dizem quem sou, mas é pelo convívio com o outros que eu mesmo me descubro quem eu sou. Sozinho isso seria impossível, pois ninguém acessa a si mesmo se não for pelas experiências que colhe fora.
A presença do outro às vezes incomoda somente quando eu encontro no outro algum traço de minha personalidade, característica ou jeito que eu mesmo possuo e não suporto ou não gosto. Nosso aparelho psíquico funciona muito pela via do mecanismo da Projeção Inconsciente, e quando eu encontro no outro a semelhança de algo em mim que não gosto ou que eu não mais gostaria de ter, eu projeto inconscientemente minha raiva, frustração e revolta. O ser humano não gosta no outro exatamente aquilo que internamente em si próprio não está dando conta. Para que os outros passem a te incomodar menos olhe para si mesmo e descubra o que esta relação específica está despertando em si mesmo. Ao se tratar e ao se livrar de suas neuroses e traços de personalidades disfuncionais, você automaticamente passará a não se incomodar tanto com alguns outros à sua volta. A coisa é inconsciente e é séria! A pessoa que se isola não está afim de se encarar, não consegue pagar o preço da evolução pessoal e não dá conta de lidar com as próprias questões, porque o contato com os outros é o que nos faz termos contato direto com o nosso âmago mais profundo. Não por acaso que o casamento e os relacionamentos sinceros nos exigem amadurecimento, pois o contato intenso com o outro potencializa o meu contato comigo mesmo e com meu mundo interno.

6- Para um bom relacionamento quer seja com amigos ou parceiro é fundamental estarmos bem com o que somos e fazemos?
Se eu não estou bem comigo mesmo e não trato minhas neuroses, por uma questão lógica, eu vou projetar isto nos outros à minha volta; e esta é a causa de tantos relacionamentos ruins e disfuncionais.

7- Muitas vezes as pessoas se envolvem em situações conflituosas e só deparam com esta situação depois que o leite está derramado. Como explicar isto?
A impulsividade é uma marca negativa de nossa contemporaneidade. Cada dia mais estamos produzindo crianças impulsivas, adolescentes ansiosos e adultos inconsequentes. Na palestra que fiz para o Rotary, sobre o tema "Ética na Contemporaneidade" pude abordar os três tempos lógicos que a Psicanálise formula sobre o funcionamento psíquico e que explicam o porquê de estarmos tão impulsivos e ansiosos. São eles: Instante de Ver, Tempo de Compreender e Momento de Concluir. A impulsividade típica das relações atuais não passam de uma consequência do esmagamento e diminuição do "Tempo de Compreender". Para a Psicanálise, todo pensamento, experiência, vivência, ação e comportamento passam por estes três tempos lógicos citados acima. Tudo que fazemos depende do nosso Instante de Ver e Experimentar uma determinada situação, para depois passarmos ao Tempo de Compreender esta determinada situação e elaborar o que experimentamos, para depois irmos ao Momento de Concluir, que é a decisão, reação e reposta frente ao que vi e elaborei. O grande problema é que na contemporaneidade nós passamos a eliminar o tempo de compreender e estamos curto-circuitando nosso aparelho Psíquico direto do Instante de Ver para o Momento de Concluir. Estamos cada dia mais eliminando o tempo de elaboração das coisas, o tempo de calcular as consequências, o tempo de pensar os efeitos, e passamos direto para a Conclusão! Não é à toa que estamos produzindo tantas agressões, tantos adoecimentos emocionais no corpo e tantas crianças com hiperatividade, ou seja, doenças e sintomas de uma sociedade que não mais possui o Tempo de Compreender tão necessário inclusive para sermos pessoas éticas e respeitosas com as leis e normas, cruciais para uma vida digna e saudável em sociedade.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Gratidão

Gratidão pode ser um estado de espírito ou até mesmo um sentimento.
A pessoa que sente gratidão ou se coloca aberta ao sentimento de gratidão, tem grandes chances de viver com mais paz consigo mesma e com os outros. Quanto mais gratos nos sentimos menos cobramos do outro e de nós mesmos. Este ponto aqui é o maior causador de conflitos interpessoais, ou seja, a cobrança além do que a pessoa pode dar. Idealizamos demais o outro à nossa volta, mas somos todos humanos e estamos todos no mesmo barco da evolução. Quanto mais grato eu estiver e idealizar menos quem convive comigo, menos frustrado permaneço.
A consequência mais positiva para quem consegue acessar o estado de gratidão é o viver de forma menos ansiosa, reduzindo também consideravelmente a possiblidade de desenvolver uma depressão, simplesmente porque a pessoa que está se sentindo grata considera que não há ninguém em dívida afetiva com ela, não cobra das pessoas nada além do que as pessoas conseguem dar. Sentir-se grato pelo que tem, pelo que já conquistou, pelas condições de vida na qual se encontra, gera uma liberdade da pressão de se sentir culpado e devedor consigo mesmo, logo terá mais energia para poder evoluir e conquistar; e menos tempo perderá projetando esta culpa e dívida nos outros. Com isso deixamos de achar que os culpados são os pais, o parceiro afetivo, o amigo, a professora, o chefe ou qualquer outro, e assumimos as rédeas do próprio destino.
Ter gratidão é assumir que o estado atual de sua vida e do seu entorno está exatamente do jeito que você construiu, buscou e plantou, e ninguém tem culpa disso.
Mesmo que alguém tenha lhe feito algum mal, o que você vai fazer com isso é responsabilidade sua, e a gratidão consigo mesmo por conseguir fazer algo positivo diante de uma experiência negativa é o que pode lhe dar uma vida mais digna, calma e sem as diversas neuroses doentias do cotidiano humano.