quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Somos alegres ou felizes?

Recentemente, atendendo ao convite carinhoso para fazer uma pequena palestra no auditório do novo Hotel Tupyguá em Pedro Leopoldo-MG, em comemoração ao Dia da Secretária, pude trabalhar diversos temas da nossa era contemporânea. Resolvi publicar aqui um pouco da breve reflexão que pude levantar junto ao publico do tal evento.
Pois bem, vivemos em uma era na qual alguns estudiosos denominam de “hipermoderna”. E o que tais estudiosos, dentre eles, sociólogos, filósofos e psicanalistas, querem nos alertar é que estamos vivendo num estilo de vida onde tudo é “hiper”. Vivemos em uma hipermodernidade onde não existem mais o pequeno espaço particular, onde as coisas singelas estão perdendo sentido, onde as relações estão misturadas e sem sentido; onde também as imagens valem mais que as palavras, onde tudo é grandioso, imenso, rápido, acelerado, potente e cheio de informações. Ou seja, onde tudo é hiper! Porém quanto mais hiper nós somos, menos estruturados ficamos. O hiper te leva sempre ao olhar para fora, para o outro, e nunca para si mesmo. Ficamos mais alienados, mais objetalizados e mais desacreditados de nós mesmos. Tudo se resume ao quanto de “hiper” você consegue ter ou através de quantos “hiper” você pode ser medido e avaliado.
Além de hipermodernos, nós também nos tornamos seres líquidos. Não no sentido do líquido como a água, mas no sentido da liquidez e do tanto que estamos a cada dia liquidando tudo e a todos, e do quanto estamos nos liquidando como produtos e assim sendo liquidados. As relações se tornaram líquidas, efêmeras, dispensáveis, e nós seres humanos, estamos em liquidação!
Em meio a tanta hipermodernidade e a tanta liquidez, somos felizes?
Felicidade é um estado duradouro e constante, onde alguém sente-se bem mesmo com os problemas que possui. Felicidade não é euforia e está mais próximo de um sentimento estável e firme. Alegria é a euforia, a explosão, uma intensidade especial, porém fugaz, evanescente e que possui um pequeno tempo de existência. Teremos vários momentos de alegria, mas eles nunca durarão o bastante. Felicidade já é algo raro, pois é um estado a ser conquistado com muito amadurecimento. Alegria é momento, felicidade é um jeito de ser e de estar no mundo.
E então? Você é feliz? Ou você vive somente de alegrias?
E pensando aqui para além da vida particular, ampliando a provocação para nosso atual cenário no Brasil, será que somos um povo feliz? Muitos dizem que sim, inclusive os estrangeiros. Porém, em se tratando de Brasil, discordo plenamente e afirmo que somos um povo alegre, não feliz. Vivemos de pequenas alegrias, entra ano e sai ano, entra um político ou outro. Como nação, a meu ver, não experimentamos ainda a felicidade. Não temos isso estruturado, maduro e de forma contínua. Temos períodos de alegria, que logo acabam e assim voltamos a ser brasileiros. Voltamos a nossa crise cotidiana de país eternamente em desenvolvimento, não desenvolvido, não amadurecido.

A crise sempre esteve aqui, e a alegria também, pois caminham muito bem juntas. Felicidade é para poucos! A saída é cada um buscar a sua felicidade, e não viver somente de alegrias. Mesmo em um país que insiste em nos liquidar com pequenos momentos de alegrias, cada um precisa buscar sua estrutura firme, estável e cotidiana, apesar da crise. Amadurecer com e apesar dos problemas. Viver apesar das crises é ser maduro, e o amadurecimento é um caminho para a felicidade!