A cada semana prometem a felicidade. Nós, pobres humanos, acreditamos nesta ilusão, entramos no circuito da compra infinita, na corrida pela atualização. Queremos ter o melhor, o mais rápido, porém, a cada dia o melhor já não é o melhor. O cobiçado de hoje é o vergonhoso de amanhã. Que modo de vida é esse onde o melhor é efêmero? Desaparece na mesma velocidade que chega. Será então que realmente isso é o melhor? Puro jogo do mercado. Exercemos o poder de compra, mas nesse jogo de poder, acabamos entrando como subordinados. Os subordinados ao sem-limites do mundo tecnológico. Quais os efeitos desse modo de vida? Mega-solidões, Giga-isolamentos. O tratamento para este mal é o “Compre mais!”. Não perca tempo! Agora sim com este próximo produto você será feliz! Acesse o mundo e se conecte com todos! Porém, não nos avisaram do risco de se desconectar de si mesmo.
Pessoas vazias e sem direção. A i-fantasia desses produtos descartáveis se sustenta à custa de um mal-estar global. A sensação de desamparo é nítida, principalmente na classe jovem, parcela da população que acabou sendo mais fisgada por essa promessa fantasiosa de felicidade. Reparamos que os adolescentes só se movem em função dos objetos da tecnologia. Só se movem e se movem sós! A falta de ideais têm-lhes causado uma nova doença psíquica que eu chamo de i-tédio.
Estamos todos iguais, sem diferença, pois todos são consumidores. Todos são nivelados pela compulsão. A marca particular de cada um desapareceu. O traço singular que me possibilita viver de acordo com meu desejo está perdendo espaço. A diferença entre os seres é recusada. Mas o que fazer se é exatamente essa diferença que promove a graça da vida? Aquele que não é igual, que não compartilha da mesma compulsão está fora da rede. Uma rede virtual, nada real.