segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O que aprendemos com a criança?


Se há algo que nos desafia, este algo se chama “criança”. Se há algo que é mais precioso para uma criança, este algo é sua infância. Etapa da vida, onde a estrutura de personalidade se forma, e que para sempre exercerá influência no modo como a pessoa conduzirá seu jeito de ser. A palavra “infância” vem do latim “infans”, que significa “aquele que não fala”. Porém, esse significado não se faz muito pertinente, já que, as crianças falam, mesmo que sem palavras, e, mais ainda, elas nos dizem muitas coisas pela via dos seus comportamentos e reações.
Nas famílias, nas escolas, nos meios em que a criança vive e cresce, existem vários fatores afetivos que exercem influência nos funcionamentos psíquico e corporal. Alguns sintomas, alguns comportamentos, podem ser frutos de desajustes emocionais que a criança sofre ou sofreu. Diversos são os casos em que determinada criança apresenta uma dor de cabeça, uma gastrite, insônia, atos agressivos, isolamento, apatia e dificuldade de aprendizagem, tudo isso como consequência de alguma experiência sofrida por ela e que ficou mal elaborada em sua mente. Raras são as situações em que uma dificuldade da criança se deve a um distúrbio cerebral por si só. Virou moda medicar todo tipo de reação das crianças. Devemos ter calma com isso, pois, se seu filho é bagunceiro, arteiro, levado, isso não é sinal de doença, é sinal de saúde, de vida. Talvez o problema esteja em você que quer calá-lo às custas de remédios psiquiátricos e neurológicos. Talvez quem precise de tratamento sejam os pais. Talvez o que precisa mudar é a vida que os pais levam.
O modo como nosso corpo funciona está intimamente ligado ao modo como experimentamos os fatos da vida. Ou seja, mente e corpo não são coisas separadas, mas andam juntas e em constante interação, seja apresentando saúde ou apresentando transtornos. Existem vários modos de se falar o que se está sentindo, mas nem sempre isso fica muito claro, nem mesmo para quem está tentando dizer. O que nossas crianças vêm apresentando, seja na família ou na escola, é uma forma delas dizerem que algo não vai bem, e que, por isso mesmo, elas consequentemente, não conseguem desenvolver alguma tarefa da forma como se espera. É assim também conosco, adultos. Isto é, reagimos ao que vivemos, ao que experimentamos no presente, ao que experimentamos no passado e ao que esperamos do futuro.
            Fiquemos atentos aos dizeres que a criança traz, muitas vezes através dos atos, pois nem tudo será passível de expressão por meio das palavras. E não esqueçamos que, medicar a infância de uma criança fará dela um ser adoecido, sem que ela necessariamente seja um doente, sem que ela necessariamente precise de Ritalina ou Diazepam. Na maioria dos casos, tentar compreendê-la e escutá-la pode ser um caminho mais digno!