segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Desafio

Quem são as celebridades pensantes abaixo, estilizadas à maneira 'The Simpsons'?
O último à direita já lhes digo que é Michel Foucault. Mas e os demais?
Quem acertar ganha um doce de leite do pé da vaca.

Articulação: Psicanálise e a arte do Arqueiro Zen

O que pode haver de similar entre o ato analítico e a postura zen no tiro com o arco?
A meu ver, tais práticas são fortemente marcadas por um fator, o Mushin. 
Tal postura nos remete ao estado de 'não mente' ao 'nada na mente' e desprendimento de si mesmo, para que a intenção ceda espaço à tensão, única responsável por tocar aquilo que realmente precisa ser tocado, logo, o real da pulsão.
Para melhor entender o que pretendo introduzir aqui, sugiro o livro do filósofo alemão Eugen Herrigel "A arte cavalheiresca do arqueiro zen". Trata-se do relato de sua experiência com a transmissão zen na arte de tiro com arco, sob a tutela do mestre japonês Sensei Awa Kenzo.
Abaixo um antigo vídeo do sensei Awa.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

É possível ser feliz?

          Apesar de ser um assunto antigo que percorre a humanidade antes mesmo das filosofias gregas, o tema da felicidade parece ser muito atual.
A Psicanálise sempre problematizou a “felicidade”, e atualmente com mais vigor tem debatido este assunto nos congressos, seminários e nas instituições diversas. Talvez o interesse por esse assunto tenha aumentado porque nunca tivemos uma época tão adoecida e depressiva como a nossa contemporânea.
Pois bem, é possível ser feliz?
            Freud, em 1930, no seu belíssimo texto “O mal estar na civilização” afirma que a felicidade não nasce junta conosco, não está inclusa no material genético e é um momento raro, que ocorre com muito menos frequência do que os momentos de mal estar e desprazer. A tal felicidade suprema almejada é um horizonte inatingível e o máximo que podemos sentir são pequenos momentos de prazer.
Nos dias de hoje, cada vez mais temos percebido o aumento do número de pessoas insatisfeitas e desanimadas com a vida. Basta vermos o número abusivo do consumo de antidepressivos e ansiolíticos, muitos adquiridos até sem receita médica; além é claro, do aumento do uso de drogas e abusos do álcool. Nunca se consumiu tanta droga, álcool, e tanto psicofármaco na história da humanidade. Por que será? Alguns leitores dirão que é devido ao fato de termos maior acesso ao consumo. Porém, há outra coisa por trás disso, com maior peso do que as estratégias da indústria farmacêutica ou do tráfico de drogas, ou seja, o ser humano iludido.
A configuração de vida na era contemporânea nos coloca a querer respostas rápidas e sensações intensas sempre, sem o menor esforço. Isto é, queremos ser felizes, mas de forma a não gastarmos nenhum empenho energético, emocional e físico inclusive. As crianças estão assim, os adolescentes nem se fala, e os adultos parecem já terem jogado a toalha, caindo em um tédio sem fim. Queremos engolir um remédio mágico e acordarmos plenos, satisfeitos.
Se isso é ser feliz hoje em dia, então podemos dizer que todos somos felizes! Que maravilha!
Ilusão. Vazio entediante, que mais cedo ou mais tarde nos jogará de frente à dura realidade. Realidade onde temos que construir as coisas, os sonhos, os objetivos na vida, e isso inclui também o estado de prazer e felicidade que almejamos, mas que os alerto, não será pleno de forma alguma.
Não queremos investir na busca, na aventura de viver sem saber ao certo o que encontraremos pela frente. Esquecemo-nos de encarar a vida com todos os mistérios e incertezas que ela carrega, pois é isso mesmo que pode nos trazer graça. A era digital nos fez crer que tudo é possível, inclusive ignorar a imprevisibilidade da vida. Como somos estúpidos, pois o imprevisível é o que nos faz sermos felizes, mesmo que momentaneamente. São desses pequenos e raros momentos, não sabidos, não planejados, não medidos, que podemos extrair prazer. Somente assim eu acho que poderemos afirmar: é possível ser feliz, não toda vez, mas de vez em quando, em cada vez.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Em época de pressa, pressão e compulsão é bom lembrar que:

"Was man nicht erfliegen kann, muss man erhinken.
Die Schrift sagt, es ist keine Sünde zu hinken"
                       
"Ao que não podemos chegar voando, temos de chegar mancando.
A escritura diz que não há pecado em claudicar"

Este trecho - retirado da versão de Rückert dos Maqâmât de al-Hariri (literatura árabe) encontrado no 'Die Beiden Gulden' -, foi citado por Freud em 1920 no final de "Além do Princípio do Prazer".