domingo, 24 de abril de 2011

Ser professor(a): missão impossível

Em artigo anterior falei sobre a dificuldade de aprendizagem dos alunos. Desta vez falarei da árdua tarefa de ser um(a) professor(a).
Freud disse por duas vezes ao longo de sua obra que uma das profissões impossíveis existentes seria a do educador. Junto desta profissão, outras duas impossíveis seriam a do psicanalista e a do governante. O que há em comum em tais profissões que as fazem serem consideradas impossíveis? A questão fica como provocação para cada um pensar com os seus botões, parafraseando aqui a pequena Alice no país das maravilhas.
Ser professor(a), uma tarefa impossível, visto a impossibilidade de conseguir fazer alguém entender algo por completo. Ser psicanalista, um trabalho impossível frente à impossibilidade de fazer alguém se livrar de sua neurose por completo. Ser governante, uma profissão impossível diante da difícil tarefa de atender todos os anseios e diferentes desejos da população.
As escolas e o papel do educador foram ao longo dos tempos perdendo sua função exclusivamente científica, ou talvez nunca a exercessem de verdade, porque as famílias aprenderam a deixar nas mãos dos professores funções muitas vezes não exercidas em casa, ou seja, as de pai e mãe.
A modernização e a globalização do mundo fizeram os pais e mães correrem para o trabalho e negligenciarem em grande parte a condução dos filhos, seja nos estudos, seja nos modos de comportamento, seja no jeito de respeitar a vida em comunidade e os outros. O que fazer se o trabalho cada dia mais afasta os pais dos filhos? Muitos dirão: Mande-os para a escola! Quanto mais tempo por lá ficarem, melhor será. Portanto, para quem fica toda a carga de responsabilidade? Professor herói! Professora santa!
Mas os(as) professores(as) são tão fortes assim?
Não há dúvidas de que nossos educadores estão sofrendo e adoecendo. Afinal de contas, pai e mãe muitos já são em casa e ainda têm que ser no local de trabalho. Os que não são pais e mães na vida real, não possuem obrigação nenhuma de passarem a ser.
Mas o problema também nasce de outro ponto. O professor é gente. Sofre, adoece, sente medo, possui fraquezas e sonhos. Porém, fomos acostumados a enxergar no educador uma figura forte e inabalável. Quando pequenos, admirávamos sua posição de sabedoria e conhecimento. Quando éramos adolescentes, desconfiávamos desta autoridade toda e exigíamos que nos dessem mais responsabilidade e liberdade. Porém quando adultos então “responsáveis” e “livres”, entregamos novamente a eles as nossas responsabilidades como pais, e voltamos a depender deles. No entanto não os admiramos mais, e sim os cobramos, exigimos e reclamamos como se fossem obrigados a cuidar de nossos filhos e de nós mesmos inconscientemente.
O que percebo nessas mães reclamonas e nesses pais brigões de porta de escola é um pedido de ajuda. Uma forma indireta de dizer que as coisas não andam nada bem em casa. A culpa diante do problema do filho é esvaziada ao colocar o problema como consequência da incapacidade do professor que não foi bom o bastante.
Coitado(a) dos(as) professores(as), viraram psicanalistas também agora. Só faltam serem governantes. Aí o impossível fica completo.
Isso é um trabalho para a Santa Professorinha ou para o Super-Professor-herói!

4 comentários:

  1. E ainda há quem diga que temos sim que ser super humanos....somos apenas gente.

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  2. Sim... há professores que adoecem por se sentirem na obrigação de ocuparem esse lugar de super humanos

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  3. Oi Thales! Parabens pelo seu blog e pelos textos, todos realmente muito bons. Abraco da Ana Cecilia.

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  4. Olá Ana Cecília,
    Tenho tentado transmitir algumas coisas importantes!

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