domingo, 16 de dezembro de 2012

Por que tantos estão abusando das drogas?


É importante observarmos o aumento considerável do número de casos de dependência química nos últimos anos. Apesar de ainda existirem os usos recreativos, os usos festivos, estamos vivenciando muito mais casos de dependência doentia ou abuso das substâncias. A que se deve este aumento de pessoas que abusam ou sentem-se viciadas nas diversas substâncias entorpecentes?
Existem os fatores psicológicos que preparam o terreno para a pessoa ficar viciada e existe também a influência da química no corpo, mas diante dessa pergunta sobre os motivos do aumento dos casos, não há como deixarmos de lado os fatores “hipermodernidade” e “consumismo”, como dois dos responsáveis por esse crescimento do uso de drogas entre as pessoas. Ou seja, além do fator particular de cada um, há a configuração social de nossa era hipermoderna, que nos leva a alcançar prazeres de forma muito rápida e sem limites, onde entramos como consumistas sem freio. Um grande ciclo de consumo hipermoderno faz nosso aparelho psíquico funcionar como uma máquina de gozo. Uma máquina que busca a satisfação a qualquer preço, e isso desde a infância. Porém, não somos capazes de atingir a satisfação imaginada, e então, recorreremos a outros modos de prazer. E é por aqui que a droga, muitas vezes, entra na vida do sujeito. Isto é, uma tampa para o buraco que a insatisfação pelo fato de não consumir, não adquirir, não ter, não sentir prazer deixa na pessoa.
A hipermodernidade consumista nos programa/manipula para querermos sempre mais e mais. Isso é um objetivo impossível! Quando frustramo-nos com a queda dessa ilusão que a sociedade nos vende, a droga torna-se um caminho fácil e intenso para ofuscar o sofrimento que cada um passa a sentir internamente. Uns chamam de angústia, outros de depressão, outros de tédio ou desânimo. São nomes diferentes para o vazio que a hipermodernidade nos traz.
Não somos vítimas por completo, pois há ainda a possibilidade de escolha por uma vida em que se considere o “não ter”, o “não poder”, o “não possuir”, o “não precisar”. Enfim, uma vida baseada no real do limite, e não na ilusão do “posso tudo a qualquer preço”. Aquele que se ilude neste ideal hipermoderno de felicidade sem fim, tem um passo em direção ao abismo do tédio que leva ao abuso de drogas, pois vai querer sentir prazer sempre. Prazer que a droga concede na mesma rapidez com que passa seu efeito. Ora, é exatamente a mesma lógica dos aparelhos e tecnologias das quais nos tornamos também dependentes. Prazeres rápidos, mas nunca duradouros. Isso nos leva a concluir que o vício não é somente por drogas, mas por qualquer coisa que nos traga sensação enganosa de prazer supremo.
O aumento dos casos de dependências e vícios não acontece sem a influência da lógica hipermoderna, que tem nos conduzido ao engano de que podemos ser felizes de forma absoluta e sem limites, mas, mesmo assim, é a pessoa que escolhe por quais caminhos buscará seus prazeres.