segunda-feira, 29 de abril de 2013

Uma conclusão sobre a causa do terrorismo


O terrorismo vem se mostrando cada dia mais presente em nossa sociedade. Em diversos graus e de diversas formas, atentados consumados e ameaças violentas estão cada vez mais banalizadas em nosso cotidiano. Recentemente fomos surpreendidos com mais um ato terrorista nos EUA, especificamente na maratona de Boston. Os responsabilizados pelo ato são dois irmãos de 19 e 26 anos, religiosos islâmicos radicais que defendiam a luta pela independência da Chechênia, república que hoje faz parte da Federação Russa.
Não somente neste caso específico, mas em qualquer ato que esteja motivado por religião, causa política ou étnica, tem como pano de fundo um narcisismo doentio, que fazem os indivíduos terroristas considerarem qualquer diferença ou alteridade como algo insuportável e digno de ser eliminado. A causa do terrorismo é um narcisismo desmedido e sem limite!
Provavelmente os irmãos chechenos estariam em uma identificação narcísica sob um ideal acreditado como inabalável e acima de qualquer impedimento. Fato que pode os ter feito tomar a atitude radical do atentado, em nome de um objetivo idealizado, inquestionável e supremo.
Os seres humanos, quando identificados com um objetivo comum, são capazes de realizar atos extremos em nome de uma identidade grupal, ideal político ou por conta de uma alienação à figura de um líder. Toda manifestação agressiva contra algum grupo, população ou pessoa específica, passa por uma causa imaginária em torno de alguma idealização narcísica, que, por algum motivo, ficou abalada ou ameaçada. A violência é uma reação defensiva para que o buraco no narcisismo daquele que se sentiu ferido seja remediado. Um exemplo clássico e trágico disso foi o nazismo, que, a propósito, tem homofonia com a palavra narcisismo.
Temos um imenso desafio atualmente: pedem-nos paz e respeito ao próximo, mas estamos cada vez mais narcísicos e menos tolerantes com a diferença. Todos nós, de alguma forma, violentamos o outro que é diferente de nós, sejam com palavras ou atos. Quem nunca se sentiu incomodado diante daquele que lhe é diferente e assim reagiu com algum comentário ou um mínimo pensamento discriminador? O problema é que a intolerância de muitos acaba gerando reações extremas e doentias, que saem do nível do pensamento e chegam ao nível do ato. Portanto, qual será o nosso destino? Seremos um bando de narcísicos terroristas, cada um na sua bolha, destruindo uns aos outros em nome daquele ideal que acreditamos ser melhor que o do vizinho?
Há uma grande diferença entre um comentário e uma reação violenta, assim como há diferença entre sentir repulsa e passar ao ato. Porém todos nós somos narcísicos, cada um na sua medida, e não suportamos aquele que não nos é semelhante. Já dizia Caetano Veloso na música 'Sampa': “quando eu te encontrei frente a frente não vi o meu rosto. Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto. É que Narciso acha feio o que não é espelho”.

Fobia


Um dos grandes sintomas psíquicos que encontramos nos seres humanos é a tão famosa “fobia”, seja ela de qual objeto ou coisa for. Os fóbicos sofrem muito com isso, e sem mesmo terem consciência do porquê de tal comportamento, sentem a pressão e o peso da fobia como algo devastador. Não se trata de um medo simples, mas algo intenso e sem controle. Diferentemente do medo simples (que é vital e funcional para nossa vida, fazendo protegermo-nos e evitarmos problemas), a fobia traz muitas limitações e danos sociais para aquele que a sente.
Mas o que é uma fobia? Por que alguém chega a se comportar assim? De onde vem esse horror intenso diante de alguma coisa, a princípio tão simples? Impossível conversarmos sobre isso em apenas um artigo, mas podemos fazer aqui uma reflexão importante.
Não há como falarmos da fobia se não colocarmos em pauta a questão do inconsciente e da presença de um sistema inconsciente funcionando em nós, alheio à nossa vontade consciente. Um inconsciente que dita a nossa forma de comportamento no mundo, independente da nossa parte racional.
A fobia, seja ela um medo intenso de algum animal, fato, situação ou até mesmo a fobia social, têm suas raízes em questões inconscientes mal elaboradas e que solicitam expressão e descarga pulsional, mesmo que por vias tortas e drásticas como nessas manifestações de medo intenso e horror.
O medo extremo, o horror incontrolável diante de alguma coisa pode ser a descarga indireta de um conflito inconsciente que provavelmente venha de uma experiência que gerou grande carga psíquica.
Temos nossas defesas, nossas saídas, nossas válvulas de escape... Enfim, nossos sintomas pelos quais a pulsão encontra formas de descarga. Sintomas forjados inconscientemente, e que exigem de nós, muita energia e desgaste para serem contornados, assim como no momento de tratá-los. Ou seja, esvaziar uma fobia, exige empenho e paciência, pois não se vai à raiz inconsciente de um problema de maneira rápida e nem mesmo em um clique, da forma como estamos acostumados a fazer com tudo nessa vida hipermoderna que levamos.
Quando se trata de um ser humano, o tempo é outro!
Quando se trata de inconsciente, a lógica é outra!