Recentemente, atendendo
ao convite carinhoso para fazer uma pequena palestra no auditório do novo Hotel
Tupyguá em Pedro Leopoldo-MG, em comemoração ao Dia da Secretária, pude trabalhar diversos temas da
nossa era contemporânea. Resolvi publicar aqui um pouco da
breve reflexão que pude levantar junto ao publico do tal evento.
Pois bem, vivemos em uma era na qual alguns estudiosos denominam de “hipermoderna”. E o que tais
estudiosos, dentre eles, sociólogos, filósofos e psicanalistas, querem nos
alertar é que estamos vivendo num estilo de vida onde tudo é “hiper”. Vivemos
em uma hipermodernidade onde não existem mais o pequeno espaço particular, onde
as coisas singelas estão perdendo sentido, onde as relações estão misturadas e sem
sentido; onde também as imagens valem mais que as palavras, onde tudo é
grandioso, imenso, rápido, acelerado, potente e cheio de informações. Ou seja,
onde tudo é hiper! Porém quanto mais hiper nós somos, menos estruturados
ficamos. O hiper te leva sempre ao olhar para fora, para o outro, e nunca para
si mesmo. Ficamos mais alienados, mais objetalizados e mais desacreditados de
nós mesmos. Tudo se resume ao quanto de “hiper” você consegue ter ou através de
quantos “hiper” você pode ser medido e avaliado.
Além de hipermodernos,
nós também nos tornamos seres líquidos. Não no sentido do líquido como a água,
mas no sentido da liquidez e do tanto que estamos a cada dia liquidando tudo e
a todos, e do quanto estamos nos liquidando como produtos e assim sendo liquidados.
As relações se tornaram líquidas, efêmeras, dispensáveis, e nós seres humanos,
estamos em liquidação!
Em meio a tanta
hipermodernidade e a tanta liquidez, somos felizes?
Felicidade é um estado
duradouro e constante, onde alguém sente-se bem mesmo com os problemas que
possui. Felicidade não é euforia e está mais próximo de um sentimento estável e
firme. Alegria é a euforia, a explosão, uma intensidade especial, porém fugaz,
evanescente e que possui um pequeno tempo de existência. Teremos vários momentos
de alegria, mas eles nunca durarão o bastante. Felicidade já é algo raro, pois
é um estado a ser conquistado com muito amadurecimento. Alegria é momento,
felicidade é um jeito de ser e de estar no mundo.
E então? Você é feliz?
Ou você vive somente de alegrias?
E pensando aqui para
além da vida particular, ampliando a provocação para nosso atual cenário no
Brasil, será que somos um povo feliz? Muitos dizem que sim, inclusive os
estrangeiros. Porém, em se tratando de Brasil, discordo plenamente e afirmo que
somos um povo alegre, não feliz. Vivemos de pequenas alegrias, entra ano e sai
ano, entra um político ou outro. Como nação, a meu ver, não experimentamos ainda
a felicidade. Não temos isso estruturado, maduro e de forma contínua. Temos
períodos de alegria, que logo acabam e assim voltamos a ser brasileiros. Voltamos
a nossa crise cotidiana de país eternamente em desenvolvimento, não
desenvolvido, não amadurecido.
A crise sempre esteve
aqui, e a alegria também, pois caminham muito bem juntas. Felicidade é para
poucos! A saída é cada um buscar a sua felicidade, e não viver somente de
alegrias. Mesmo em um país que insiste em nos liquidar com pequenos momentos de
alegrias, cada um precisa buscar sua estrutura firme, estável e cotidiana,
apesar da crise. Amadurecer com e apesar dos problemas. Viver apesar das crises
é ser maduro, e o amadurecimento é um caminho para a felicidade!
O seu texto se ajusta perfeitamente à situação que vivenciamos hoje no país. Ele nos lembra da importância de procurar a felicidade apesar das dificuldades cotidianas e das forças que insistem em nos colocar para baixo e desacreditados. Como você coloca, não podemos deixar que as alegrias pontuais nos enganem a ponto de as considerarmos suficientes. Merecemos mais do que isso e podemos ter mais do que isso. Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirLucas Soares