segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Um pedacinho da história da loucura... Brant, Bosch, Erasmo de Rotterdan, Foucault e o inusitado Billie Joe Armstrong

Segue aqui o artista Hieronimus Bosch e suas ilustrações sobre o modo como se interpretavam e tratavam as manifestações psíquicas na era clássica, fim do tempo medieval. Marco do início da 'Grande Internação', da forma como Michel Foucault nos explica, e início da exclusão do 'louco' dos meios culturais, como se a ele não fosse possível o direito à vida social. Essa é uma longa discussão... que nos atravessa ainda hoje.

Segue aqui o Navio dos Loucos ou a Nau dos Loucos - Narrenschiff. Uma ilustração sobre o período em que as cidades expulsavam seus 'loucos' e os destinavam aos asilos espalhados por toda Europa, através de grandes embarcações rios acima e abaixo. Alguns dizem que Bosch ilustrou o que Sebastian Brant escreveu em sua obra Das Narrenschiff de 1492 ou Stultifera Navis versão em latim de 1497.


Tentativa do homem dito" racional" de expurgar a insanidade de dentro das cidades, porém, ironicamente o louco leva consigo um saber trágico e revelador, apreciado e inatingível pelos homens "normais". A árvore que a Nau traz como mastro principal representa o saber (árvore proibida, a árvore da imortalidade pretendida). O  embarque anunciava a Grande Internação que estava por vir, tendo seu marco com a criação em 1656 do Hospital Geral de Paris, uma instituição pautada nos moldes morais, muito mais do que sob princípios médicos.


E abaixo a Extração da Pedra da Loucura ou Cura da Loucura - Das Steinschneiden. Diante do não saber o que fazer com a 'loucura', tentava-se retirar do cérebro alguma causa ou núcleo causador do mal estar psíquico. Ou quem sabe os invejosos tentavam tirar do louco seu saber em lidar com a vida de modo natural e livre? 




Diferente do que Brant e Bosch retratavam, tudo que havia de obscuro da loucura que espreitava o homem de fora para dentro, com Erasmo de Rotterdam em 1509 ao promover o Elogio da Loucura a insanidade passa ser o que se insunua de dentro do próprio homem em seu conflito consigo mesmo. Neste sentido, Foucault na História da Loucura na Idade Clássica compila: "A loucura só existe em cada homem, porque é o homem que a constitui no apego que ele demonstra por si mesmo e através das ilusões com que se alimenta"
Portanto, não nos esqueçamos do alerta de um cantor de nossa época, Billie Joe Armstrong do Green Day:
The space that's in between insane and insecure.

Oh therapy, can you please fill the void?
Am I retarded?
Or am I just overjoyed?
Nobody's perfect and I stand accused,
For lack of a better word and that's my best excuse.

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