sexta-feira, 29 de abril de 2011

A grande diferença entre tristeza e depressão

Estou de volta parceiros de leitura. Trago um tema debatido muitas vezes, mas que ainda traz um problema, e que quero compartilhar com vocês.
O uso do termo “depressão” já virou moda. Em qualquer conversa ou lugar que envolva observações e comentários sobre o estado emocional de alguém, a palavra “depressão” é dita sem critério. Mas afinal, onde foi parar a velha e famosa tristeza? Será que não sentimos mais tristeza? Ela não existe mais?
Ultimamente, no lugar da palavra “triste” estão usando “deprimido”, Esqueceram, ou nunca ficou claro que entre tristeza e depressão há uma grande diferença.
Outro dia vi na TV uma personagem que havia acabado de brigar com o amor de sua vida e se sentou sozinha em um restaurante. Ao ser questionada sobre seu desânimo e sua cabeça baixa naquele momento, ela respondeu: “Estou deprimida”. Essa foi demais hein! Parece até cena de comédia.
Depressão é um estado de adoecimento. Um transtorno psíquico que atinge o funcionamento do corpo todo. A pessoa perde interesse pela própria vida e pela vida de quem a rodeia. Não investe mais em seus objetivos e constrói um isolamento intenso. Tem dificuldade para falar o por quê de estar assim. Chora sem motivos claros e não consegue achar as causas disso. Nesses casos há uma perda da vontade de sair dessa situação. A pessoa se anula e fica tomada pelo sentimento de invalidez e incapacidade. O vazio e a angústia invadem seu psiquismo. É algo que vem e não diz de onde veio.
Agora, aqui cabem as perguntas: isso, da forma como dita acima é o que muita gente sente por aí quando afirmam estarem deprimidas? Isso é o que a personagem da TV estava passando naquela cena?
Vamos à tristeza então.
Ficamos tristes por perdas, decepções, desacordos, faltas do dia-a-dia. E é extremamente normal que alguém fique triste por essas coisas, por horas, dias e até meses. Pode ocorrer de uma pessoa ficar triste por longo tempo e nem por isso entrar em um quadro de depressão.
Parece que nos esquecemos de sentir a tristeza com todo direito que temos. Não esqueçamos então de que as palavras “triste”, “tristonho” e “entristecido” existem.
Na ética da psicanálise há uma luta pela vida que está por trás dos rótulos e diagnósticos que as pessoas se dão e assumem. Não serão simples comportamentos que farão alguém ser deprimido. Seja na tristeza ou na depressão, se ouvida com calma e com o tempo que merece (em tratamento adequado) a pessoa pode criar condições de buscar saídas para essas coisas que surgem sem dizer como e nem de onde vieram... Coisas tipicamente humanas.

5 comentários:

  1. Não sei se o blog ainda está ativo mais vou comentar assim mesmo.
    A depressão seria então um transtorno psicológico que deriva do Id ou é do conflito de Id e superego?
    E sobre o uso de "deprimido" na televisão, vou provavelmente dizer uma coisa que você já sabe mas a televisão usa esses recursos pra chamar o povo, para que as pessoas que assistem a estes programas se identifiquem com o texto e possam levar a novela para o seu dia-a dia. Não é um erro do escritor, pelo contrário, é um jogada muito bem bolada.

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  2. Seja bem vindo! O Blog está ativo!
    Penso a Depressão como um conflito no aparelho psíquico.
    Com relação ao jogo do escritor da novela, realmente trata-se de uma tentativa de promover identificações no telespectador, porém é justamente por isso que eu trouxe a crítica, afinal de contas as pessoas estão se identificando a rótulos e diagnósticos que não procedem. Temo perdermos a riqueza e o rigor da Psicopatologia, por causa de um uso sem critério dos termos.
    Grande abraço!
    Continue por aqui no blog.

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  3. Por isso talvez fosse necessário a inclusão da psicologia como matéria escolar. Essas confusões banalizam uma das ciências mais necessárias para o homem. O estudo psicológico iniciando-se na pré-adolescência talvez nos preparasse parar enfrentarmos um dos períodos mais conturbados da vida.
    Vou continuar no blog sim, gostei muito. Parabéns.
    Abraço.

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  4. A ideia de incluir o estudo da psicologia em tempo bem jovem é interessante. Ajudaria inclusive a evitar alguns preconceitos. Cresceríamos mais críticos a muitas coisas também.
    Vamos seguindo!

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  5. Muito bem elucidativa a matéria. Creio que banalizou a tristeza e, ficou mais chique a palavra depressão. Conhecida mais por "deprê". Na mesma proporção ou dimensão dos fatos, menino custoso nos dias de hoje falam-se de: criança hiperativa ou DTHA. E assim sucessivamente... Muitas nomenclaturas assolam o nosso cotidiano, confundindo-nos a essência do verdadeiro sintoma que nós nos encontramos. Valeu a alerta! Bom trabalho. Adorei!! Virgínia ��

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