domingo, 24 de abril de 2011

Dificuldade de aprendizagem: problema nosso de cada dia

Neste artigo falarei da dificuldade dos alunos, mas não deixei de pensar no adoecimento dos(as) professores(as), porém, sobre isto, dedicarei um outro artigo.

Com o início e volta às aulas, alguns questionamentos que até então ficaram adormecidos nas férias, voltam a aparecer. Um problema muito presente no cotidiano das escolas e que todo ano exige atenção é a dificuldade que alunos apresentam em captar o que é ensinado. São os famosos problemas de aprendizagem, que aparecem de diversas formas, seja na desmotivação e apatia, dificuldade de ler, de interpretar, de concentrar, falar, apresentar trabalhos e até mesmo de se socializar.
Surge assim a grande questão: o problema do aluno é de ordem pedagógica? É de causa psicológica? Ou é distúrbio orgânico?
A dificuldade de um aluno deve ser encarada de forma delicada e atenta aos fatos diversos que podem estar envolvidos no caso. Acredito ser possível contemplar a parte pedagógica criando novas ferramentas de ensino para que os alunos possam aprender de modo prazeroso, tendo abertura para mudanças. Mas será possível adequar um método de ensino para cada aluno sem perdermos de vista as normas e limites institucionais? O desafio está lançado!
Nas situações de causa orgânica (neurológica, psiquiátrica, auditiva, motora ou visual) é preciso ter bastante cuidado, pois nos dias atuais tornou-se banalizado o uso de medicamentos e avaliações muitas vezes desnecessárias, que expõem nossas crianças e adolescentes a situações desgastantes. Dopados, medicados, domados, simplesmente porque “dão trabalho” ou porque “não acompanham a turma” e não mais porque realmente possuem um adoecimento que precise ser tratado. Devemos ter calma com esse tipo de indicação de tratamento, e junto com a calma o rigor ético para saber se o aluno realmente precisa ser medicado.
Agora, em relação à parte psicológica da coisa, primeiro devemos pensar no que o senso comum costumou chamar de “problema psicológico”. A meu ver, ser um sujeito humano já é um problema psicológico. Sermos nós mesmos não é nada fácil. Imaginem então o aluno atravessando situação conflituosa em casa, consigo mesmo ou no seu convívio na escola. O tal “psicológico” engloba desde o físico até o pensamento mais abstrato. Adoecer do corpo causa adoecimento psíquico e vice-versa. Mesmo que a dificuldade seja orgânica, o “psicológico” do aluno vai ser colocado em jogo. Seja qual for o problema de aprendizagem, o fator psíquico está em cena, e junto a isso todos os afetos, frustrações e expectativas que o aluno e sua família carregam em torno da dificuldade.
O aluno, além de ter que lidar consigo mesmo e com toda sua própria complexidade, ainda tem que lidar com a escola, e com tudo aquilo que nosso sistema de ensino exige. É fundamental que existam exigências e normas escolares, ou a vida seria uma confusão. Mas isso não nos impede de relativizarmos e pensarmos em cada caso particularmente. É preciso escutar o aluno enquanto ser único de afeto e limitações, e não somente fazê-lo escutar... Sentado, calado, copiando!

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