terça-feira, 25 de outubro de 2011

É possível ser feliz?

          Apesar de ser um assunto antigo que percorre a humanidade antes mesmo das filosofias gregas, o tema da felicidade parece ser muito atual.
A Psicanálise sempre problematizou a “felicidade”, e atualmente com mais vigor tem debatido este assunto nos congressos, seminários e nas instituições diversas. Talvez o interesse por esse assunto tenha aumentado porque nunca tivemos uma época tão adoecida e depressiva como a nossa contemporânea.
Pois bem, é possível ser feliz?
            Freud, em 1930, no seu belíssimo texto “O mal estar na civilização” afirma que a felicidade não nasce junta conosco, não está inclusa no material genético e é um momento raro, que ocorre com muito menos frequência do que os momentos de mal estar e desprazer. A tal felicidade suprema almejada é um horizonte inatingível e o máximo que podemos sentir são pequenos momentos de prazer.
Nos dias de hoje, cada vez mais temos percebido o aumento do número de pessoas insatisfeitas e desanimadas com a vida. Basta vermos o número abusivo do consumo de antidepressivos e ansiolíticos, muitos adquiridos até sem receita médica; além é claro, do aumento do uso de drogas e abusos do álcool. Nunca se consumiu tanta droga, álcool, e tanto psicofármaco na história da humanidade. Por que será? Alguns leitores dirão que é devido ao fato de termos maior acesso ao consumo. Porém, há outra coisa por trás disso, com maior peso do que as estratégias da indústria farmacêutica ou do tráfico de drogas, ou seja, o ser humano iludido.
A configuração de vida na era contemporânea nos coloca a querer respostas rápidas e sensações intensas sempre, sem o menor esforço. Isto é, queremos ser felizes, mas de forma a não gastarmos nenhum empenho energético, emocional e físico inclusive. As crianças estão assim, os adolescentes nem se fala, e os adultos parecem já terem jogado a toalha, caindo em um tédio sem fim. Queremos engolir um remédio mágico e acordarmos plenos, satisfeitos.
Se isso é ser feliz hoje em dia, então podemos dizer que todos somos felizes! Que maravilha!
Ilusão. Vazio entediante, que mais cedo ou mais tarde nos jogará de frente à dura realidade. Realidade onde temos que construir as coisas, os sonhos, os objetivos na vida, e isso inclui também o estado de prazer e felicidade que almejamos, mas que os alerto, não será pleno de forma alguma.
Não queremos investir na busca, na aventura de viver sem saber ao certo o que encontraremos pela frente. Esquecemo-nos de encarar a vida com todos os mistérios e incertezas que ela carrega, pois é isso mesmo que pode nos trazer graça. A era digital nos fez crer que tudo é possível, inclusive ignorar a imprevisibilidade da vida. Como somos estúpidos, pois o imprevisível é o que nos faz sermos felizes, mesmo que momentaneamente. São desses pequenos e raros momentos, não sabidos, não planejados, não medidos, que podemos extrair prazer. Somente assim eu acho que poderemos afirmar: é possível ser feliz, não toda vez, mas de vez em quando, em cada vez.

7 comentários:

  1. Meu menino, grande homem!
    Como vc me deixou feliz, qdo entrei no FB, e ao ler oumcomentário de Carol sobre este seu trabalho " É possível ser feliz?" Concordo, plenamente com a sua afirmativa de que a felicidade, não é nada mais , nada menos, que momentos de prazer e que não ocorrem sempre.
    As alegrias chegam de forma inesperadas, inusitadas. Uma delas foi quando conectei-me junto ao FB e deparei-me com esta preciosidade. A felicidade pode ser um tema antigo, mas ela nunca perderá a sua capacidade de contribuir, de proporcionar,de trazer, de transmitir alegria
    de vez em quando e de quando em vez. Te amo.

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  2. Olá Patrícia (minha interlocutora assídua).
    Que bom vê-la por aqui!
    É um prazer saber que de alguma forma prendo sua leitura.
    Sei que hoje é um dia importante para você e em boa hora o tema da felicidade bate à sua porta.
    Mantenha-se firme.

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  3. A verdade é que na busca desta felicidade plena, deixamos que se passe despercebido estes pequenos e raros momentos de prazer e alegria. Seja na não percepção do mesmo ou na concepção de que a felicidade é algo maior.

    Parabens pelo belissimo texto!

    Um abraço

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  4. Helena Gontijo - BH / MG20 de dezembro de 2011 às 16:11

    Que maravilha a sua lucidez, Thales! Ler isso me trouxe um momento de felicidade. Esteja certo.
    Parabéns

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  5. Grande Felipe!!!
    Mais conhecido como Macarrão. OU Tsunami, dependendo da cidade onde ele esteja.
    Sua observação é pertinente e estou de pleno acordo!
    Quero ver você mais vezes por aqui!
    Abração!

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  6. Prezada Helena,
    Seja bem vinda ao blog!
    A leitura de um texto pode provocar satisfação, e você no seu relato é a prova disso. São nesses pequenos e raros momentos que podemos extrair graça da árdua vida.
    Sinta-se à vontade para continuar comentando os textos.

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  7. Parabéns, Thales, por mais uma linda análise! Um abraço!

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