Um dos grandes desafios
de nossa contemporaneidade é a comunicação não violenta, já que a agressividade
tem se mostrado cada dia mais explícita, desmedida e presente em nosso
cotidiano.
O ser humano comporta-se muitas vezes escolhendo o
caminho mais fácil e reage a determinada situação com posturas agressivas,
violentas e sem limites civilizatórios. Este tipo de reação imediatista faz
parte da estrutura humana, e se cada pessoa não se dedicar ao esforço interno,
a tendência é ficarmos neste automático da reação violenta, seja em atos, seja
em palavras, gestos e comportamentos. Aliás, um grande sintoma do adoecimento social
de nossa época é exatamente este automatismo
impulsivo que temos adotado ao invés do diálogo, da comunicação e do uso da
linguagem. Preferimos funcionar pela via do caminho mais fácil da resposta
agressiva automática do que parar, pensar, elaborar, construir e apresentar uma
reação diferente, civilizada e, portanto, mais voltada para o bem da sociedade.
O caminho mais fácil nem sempre é o melhor. O caminho mais difícil e que exige
mais esforço é, nestes casos, um grande investimento com retorno positivo garantido.
Freud,
em 1930, no texto “O mal-estar na Civilização” apresenta uma de suas teses
quando fala do conflito e sofrimento que surge da incompatibilidade entre os
anseios particulares de cada pessoa e o meio social, ou seja, o conflito entre
o que quero fazer e o que posso fazer dentro do que é permitido, pois a vida
civilizada exige-nos renunciar às nossas pulsões mais íntimas em prol da vida
em comunidade. Freud fala que um os grandes sofrimentos do humano é ter que
constantemente abrir mão de algumas vontades, como por exemplo, sexuais e
agressivas, em prol da convivência pacífica com os outros e com a lei. A
inteligência emocional, ou se preferirem em outras palavras, a pessoa com a
mente mais organizada e saudável sofre menos diante dos desafios da vida
civilizada e diante das renúncias que precisa acatar, pois consegue, mesmo
frustrado em alguma medida, que isto não o faça reagir pela via da
impulsividade e nem mesmo pela via do ato desmedido, desequilibrado e contra as
normas sociais. O inteligente emocionalmente sabe que cada desafio na vida
civilizada é uma chance para amadurecer, viver melhor e mais estruturado.
Uma
pessoa se mostra psiquicamente bem estruturada, quando recebe e sofre um
estímulo de agressão, desrespeito, injúria, mas mesmo assim constrói outras
saídas para o problema, que a impedem inclusive de entrar no jogo da
comunicação violenta e sofrer junto com o agressor. Quanto mais reagimos no
nível da agressão, mais nos prendemos ao ciclo violento e sofremos junto àquele
que nos agrediu. Para livrarmo-nos de situações agressivas, a primeira medida é
sair do ciclo violento ao qual o agressor lhe convidou a entrar, a permanecer e
sofrer com ele. A saída do núcleo estressor não é nem a reação, nem a vingança,
mas a construção de outra possibilidade, que pode ser muitas vezes o
posicionamento não violento, a comunicação não violenta ou outras maneiras de
quebrar o impulso que chegou até você. Quando recebemos um impulso violento devemos
quebrar e romper este ciclo adoecedor com uma simples postura de comunicação
não violenta. O contrário a isto, ou seja, reagir na mesma linha, deixa sobre
nós, consequências negativas e aumento do problema. E quem sofre ainda mais são
as pessoas que ficam aí alimentando a cena, que se não for esvaziada, rende
mais sofrimento e desprazer.
Fiquem
atentos pois, nós seres humanos, adoramos sofrer e estamos sempre por aí
convidando uns aos outros para entrarmos numa situação de violência, agressão,
desrespeito e assim ficarmos todos abraçados afundando neste mar de masoquismo,
ao invés de seguirmos rumo à evolução e ao bem estar.
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