terça-feira, 7 de novembro de 2017

Freud, Inteligência Emocional e Comunicação Não-violenta

      Um dos grandes desafios de nossa contemporaneidade é a comunicação não violenta, já que a agressividade tem se mostrado cada dia mais explícita, desmedida e presente em nosso cotidiano.
         O ser humano comporta-se muitas vezes escolhendo o caminho mais fácil e reage a determinada situação com posturas agressivas, violentas e sem limites civilizatórios. Este tipo de reação imediatista faz parte da estrutura humana, e se cada pessoa não se dedicar ao esforço interno, a tendência é ficarmos neste automático da reação violenta, seja em atos, seja em palavras, gestos e comportamentos. Aliás, um grande sintoma do adoecimento social de nossa época é exatamente este automatismo impulsivo que temos adotado ao invés do diálogo, da comunicação e do uso da linguagem. Preferimos funcionar pela via do caminho mais fácil da resposta agressiva automática do que parar, pensar, elaborar, construir e apresentar uma reação diferente, civilizada e, portanto, mais voltada para o bem da sociedade. O caminho mais fácil nem sempre é o melhor. O caminho mais difícil e que exige mais esforço é, nestes casos, um grande investimento com retorno positivo garantido.
Freud, em 1930, no texto “O mal-estar na Civilização” apresenta uma de suas teses quando fala do conflito e sofrimento que surge da incompatibilidade entre os anseios particulares de cada pessoa e o meio social, ou seja, o conflito entre o que quero fazer e o que posso fazer dentro do que é permitido, pois a vida civilizada exige-nos renunciar às nossas pulsões mais íntimas em prol da vida em comunidade. Freud fala que um os grandes sofrimentos do humano é ter que constantemente abrir mão de algumas vontades, como por exemplo, sexuais e agressivas, em prol da convivência pacífica com os outros e com a lei. A inteligência emocional, ou se preferirem em outras palavras, a pessoa com a mente mais organizada e saudável sofre menos diante dos desafios da vida civilizada e diante das renúncias que precisa acatar, pois consegue, mesmo frustrado em alguma medida, que isto não o faça reagir pela via da impulsividade e nem mesmo pela via do ato desmedido, desequilibrado e contra as normas sociais. O inteligente emocionalmente sabe que cada desafio na vida civilizada é uma chance para amadurecer, viver melhor e mais estruturado.
Uma pessoa se mostra psiquicamente bem estruturada, quando recebe e sofre um estímulo de agressão, desrespeito, injúria, mas mesmo assim constrói outras saídas para o problema, que a impedem inclusive de entrar no jogo da comunicação violenta e sofrer junto com o agressor. Quanto mais reagimos no nível da agressão, mais nos prendemos ao ciclo violento e sofremos junto àquele que nos agrediu. Para livrarmo-nos de situações agressivas, a primeira medida é sair do ciclo violento ao qual o agressor lhe convidou a entrar, a permanecer e sofrer com ele. A saída do núcleo estressor não é nem a reação, nem a vingança, mas a construção de outra possibilidade, que pode ser muitas vezes o posicionamento não violento, a comunicação não violenta ou outras maneiras de quebrar o impulso que chegou até você. Quando recebemos um impulso violento devemos quebrar e romper este ciclo adoecedor com uma simples postura de comunicação não violenta. O contrário a isto, ou seja, reagir na mesma linha, deixa sobre nós, consequências negativas e aumento do problema. E quem sofre ainda mais são as pessoas que ficam aí alimentando a cena, que se não for esvaziada, rende mais sofrimento e desprazer.
Fiquem atentos pois, nós seres humanos, adoramos sofrer e estamos sempre por aí convidando uns aos outros para entrarmos numa situação de violência, agressão, desrespeito e assim ficarmos todos abraçados afundando neste mar de masoquismo, ao invés de seguirmos rumo à evolução e ao bem estar.


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