quarta-feira, 12 de junho de 2013

A tal “alma gêmea” existe?

De onde vem essa expressão?
   Vem da mitologia grega tentando explicar o porquê de sermos seres entregues à paixão. E especificamente na obra “O Banquete” de Platão, encontramos um discurso sobre o nascimento da ideia de alma gêmea. Trata-se de um castigo dos Deuses que ao perceberem os humanos completos em si mesmos, autossuficientes afetivamente por serem andrógenos (homem e mulher no mesmo corpo), promoveram uma cisão/separação ao meio, condenando a raça humana a procurar eternamente essa outra metade separada.
         Carregamos esse ímpeto de busca pela alma gêmea, pela cara-metade perdida, e que acreditamos nos completar.
        Só vivemos dignamente quando temos paixão, desejo e graça com a vida. É fundamental amar para que possamos suportar as árduas situações que a vida nos impõe no cotidiano. Porém, em um relacionamento, quando depositamos ali toda a felicidade de forma idealizada, de certa forma, depositamos o destino de nosso futuro nas mãos de um Outro, que por ser também um imperfeito humano, está passível de fracasso e desacerto. Isto é, nosso tão sonhado futuro ideal nunca será alcançado.
Relacionar e viver a dois deve ser algo que preserve espaço para a falta e para a renovação, caso contrário a decepção pode ser esmagadora e paralisante. Para haver desejo é preciso haver falta. O próprio nome já diz: “viver a dois” e não “viver a um”, em função de um, já que um afeto quando é unilateral só provoca alienação. Amar é trocar sentimentos, pois, mesmo que sejam desproporcionais e desiguais é possível haver afinidades. É na diferença que um casal se mantém, afinal de contas, amar alguém e ser amado por este alguém é sempre um encontro desencontrado ou desencontro encontrado.

A “alma gêmea”, de gêmea ela não tem quase nada, mas o pouco que tem já basta para iniciar um laço... e não um nó.

2 comentários:

  1. O AMOR COMO CONSTRUÇÃO DE JOÃO DE BARRO, SEM, NO ENTANTO, TRANCAR A PORTA DA MORADA, DEIXANDO A SUA AMADA PRESA PARA O RESTO DA VIDA...SOMOS MUITO MAIS CAPAZES QUE O JOÃO DE BARRO...ABRIR AS PORTAS DO CORAÇÃO...
    PARABÉNS PELA REFLEXÃO...

    Pr Dr Gisnaldo Amorim Pinto.

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    1. Bem colocado Dr. Gisnaldo!
      De forma poética você resumiu a essência do texto!

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